quarta-feira, 20 de julho de 2016

Os Seis Focos da Crise de Performance Empresarial



Inspirado por um artigo da Simone Dragone no LinkedIn, proponho aqui algumas reflexões aos executivos e sócios de empresas em dificuldades, ainda que limitadas ou “temporárias”.

1)    A crise começa escondida, mas é perigosa como um câncer: à parte crises sistêmicas como o estouro da bolha imobiliária nos EUA em 2008, mas no contexto de nossas organizações, o executivo não chega no escritório um dia e descobre: “ai caramba, estamos em crise!” Ela já estava lá. Começou talvez apenas na perda de um distribuidor que era importante, e se pensa: “Mas temos tantos outros! Vamos reforçar a relação com este ou aquele, e resolvido”; ou talvez com um latente, mas persistente, aumento da taxa de juros no desconto das duplicatas. A diferença no valor absoluto era tão pequena que ninguém se importou em avaliar seu impacto no negócio. E por aí vai. A comparação é triste, mas precisa. É como um câncer. Ninguém amanhece com um câncer maligno, já em metástase. A má formação celular é microscópica e esparsa. Até que se acumula em um ponto de nosso organismo. Até aí é denominado “benigno”. Possível de identificar com exames frequentes, mas que infelizmente, como nas empresas, “o importante é viver o dia, não estou sentindo nada!” Aí a colônia começa a crescer e passa a se multiplicar. Ops, passou a ser maligno, começa a incomodar o organismo. Faz-se os exames e lamentavelmente quase sempre o fim é o resultado.

2)    Como ela apareceu “de repente”? Não, ela não apareceu “de repente”. Como vimos acima, ela já estava lá. E mantendo o paralelo clínico, células malformadas instalam-se em diversas partes do organismo. Muitas vezes alguns órgãos são saudáveis o suficiente para eliminá-las ou até conviver com elas. Na empresa isso pode se manifestar por exemplo em Vendas (performance de produtos, de canais, etc), no estoque de matéria-prima, em Compras, Caixa, etc. Como se cada departamento ou função da empresa fosse um órgão de nosso corpo. E como num organismo vivo, a saúde das empresas pode e deve ser monitorada todo o tempo. Você tem seu “Painel de Controle”? Você acompanha a DRE e o Balanço Patrimonial todos os meses? Você não cuida de sua saúde com a frequência adequada? A frequência corporativa é mensal! Para alguns “órgãos”, diário!

3)    Falta de Planejamento e/ou de Controle: O planejamento foi apurado? Realista? Utilizamos ferramentas consagradas como SWOT, levantamos benchmarks, consideramos o ambiente macroeconômico com um viés mais otimista que realista? Nem sempre é ruim ser otimista, mas é importante executar com os pés no chão e com foco. Aqui entra o aspecto de controle. Estamos comparando o realizado com o planejado? Estamos testando as premissas “externas” (SWOT, benchmarking, ambiente macro) mensalmente? Ou ninguém lembra mais os pilares que sustentaram o planejamento, e vamos “matar um boi por dia“ ou pior, “vender o almoço para comprar o jantar“?

4)    (Falta de) Visão Estratégica: muitos executivos e gestores quando escutam esta importante atividade a associam com futurologia, “papo para vender consultoria“, etc... Mas Visão e Planejamento Estratégico são ferramentas de gestão como outra qualquer. Qual o objetivo social de nossa empresa? Qual a missão e visão? O que estamos entregando está alinhado com estes três pilares? Estes três pilares são pétreos? Talvez não, mas devem permear o dia a dia da empresa. Um correto planejamento estratégico e a condução do negócio com base neles permite rapidamente identificar “que algo está errado”, além de ser a ferramenta que nos permite perceber as oportunidades de negócios que cruzam a nossa porta diariamente. Para onde nossa empresa vai? O que ela vai ser quando crescer?

5)    O Curto Prazo versus o Longo Prazo: No ambiente econômico neoliberal que vivemos, Curto Prazo é Rei. Isso não quer dizer que fundamentos de longo prazo devam ser prejudicados sistematicamente em benefício de uma demonstração de resultados no curto prazo. Mas como em nossas vidas, melhor curtir agora que perder a oportunidade, certo? Depende! Tanto na vida como na empresa, a pergunta a ser respondida é: Estou correndo cem metros rasos ou uma maratona? Na música do Lobão, “...melhor viver dez anos a mil do que mil anos a dez...”. Esta é a opinião do sofrido personagem da canção. Mas empresas devem persistir no tempo. Portanto, busque resultados de impacto no curto prazo, mas não sacrifique nem acoberte o longo prazo.

6)     Você tem os Indicadores chaves para seu painel de controle? Uma empresa em Crise com certeza vem apontando queda nos lucros, aumento de custos, piora em índices de liquidez, todos implicando em perda de patrimônio líquido. Estes e tantos outros indicadores estão à mão de qualquer gestor responsável. Como mencionei acima, balancetes e DRE mensais são fundamentais. Mas cada negócio tem suas peculiaridades, e, portanto, o Painel de Controle deve ser montado para o seu negócio. Quando liderei uma recuperação de performance na TIM Nordeste ao longo de 2001 (a empresa é pública, os dados disponíveis a quem interessar), levando seu EBITDA de pouco mais de 14% para mais de 44% em menos de um ano. Nessa empreitada eu “pilotava” a operação com um Painel de Controle com apenas 6 “ponteiros” (indicadores)! Quase três mil funcionários, seis estados com seis indicadores, e só! Assim conseguíamos manter o foco e buscar o resultado. Aqui o segredo é buscar a quantidade mínima de indicadores que influenciem toda a operação e seus gestores. Quantos indicadores tem teu painel de controle? Não tem um para chamar de seu? Vixe!

Consultorias de performance podem e devem ser chamadas a ajudar neste processo. A dica é antecipar à doença. E na doença, não se automedicar. Peça ajuda. Como o nosso corpo precisa, uma empresa doente precisa de um médico. Agende um check-up com o seu, antes que uma anomalia se transforme em doença e se espalhe de forma incontrolável e irrecuperável.


Helder de Azevedo é colaborador do blog em temas de M&A’s, Sucessão, Estratégia e Turnaround Management.



Construiu carreira em empresas nacionais, multinacionais, grandes e pequenas, até start-ups, desenvolvendo amplo espectro de habilidades de Finanças a Tecnologia, Vendas e Implementação. Certificado pelo IBGC (Melhores Práticas em Governança Corporativa). Conhecimentos desde Start-ups a TurnAround Management. Traz consigo um poderoso portfolio de relacionamentos no ambiente high-tech da América Latina e EEUU. Construtor de consensos e confiança em todos os níveis, da linha de frente ao Board.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Saiba como se faz um projeto de Recuperação de Performance

Algumas consultorias, e não são muitas, realizam projetos de Recuperação de Performance para empresas em crise. No inicio de agosto, um grupo realiza Seminário em parceria com advogados e investidores com fundos de fomento. O evento é aberto. O ingresso é 1kg de alimento ou 1 brinquedo, que será doado ao Centro Madre Teodora. 19h em Itu, no SINCOMERCIO, Rua Maestro Jose Victorio 137. Pode conter informações de interesse para o seu projeto de virada em 2016. (inscrever-se com  gexperience@colorspublicidade.com.br)

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Uma empresa se recupera com ingredientes especiais

É normal se passar por crises provocadas por falta de L...(achou que seria falta de liquidez, certo? mas não é.) ... LUCRO.
O que geralmente quebra o negócio. A falta de liquidez vem como sintoma. E gera stress na operação que leva à crise.

Uma empresa se recupera de uma crise e cresce com PESSOAS, PRODUTOS, PROCESSOS e INFORMAÇÃO corretas.

Uma consultoria externa que se preze não cria dependência do cliente, mas a ajuda a passar por esse momento de declinio, normal no ciclo de vida das empresas. Muitas delas sofrem na crise, e caso não tenham lideres que saibam como enfrentá-las, podem ter sequelas graves, nunca mais retomar o crescimento, ou mesmo desaparecer. Nessa jornada para evitar o pior, algumas ferramentas de gestão são vitais. E além disso, é fundamental a conexão do modelo operacional com o modelo financeiro.

Outro ingrediente importante é liquidez. Nenhuma empresa cresce ou se recupera sem caixa. Quais os instrumentos financeiros disponiveis através de FUNDOS específicos que podem ajudar empresas a enfrentar e reverter crises? Como usar os recursos de maneira inteligente? O quanto pedir e quando? O que facilita e o que dificulta o crédito?

Advogados: além da responsabilidade administrativa, há outros temperos que se somam aos ingredientes anteriores. Pode ser necessário se separar ativos e operações, sócios e investidores ocasionais, onde para isso existem instrumentos judiciais necessários à proteçao do patrimonio dos donos e que permitam o financiamento. Apoiam desde uma  alienação fiduciaria, emissao de debentures, e a acolher novos socios com entrada de capital. Vão com a empresa até a opção de Recuperação Judicial, quando esta é a melhor saída.

Conhecimento é fundamental.


(foto do autor: Cornell University, Ithaca, NY. 2010)

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Espirros, coriza e os sinais imperceptíveis: a barreira psicológica.





Admitir ou não que uma empresa precisa de ajuda é uma barreira psicológica, que muitas vezes impede a recuperação de um negócio.

Todos nós, em algum momento das nossas vidas, precisamos dar um passo atrás, rever decisões ou buscar amparo em profissionais mais experientes.

É parecido quando espirramos, e em geral não damos muita importância ao fato, acreditando que o espirro é um episódio esporádico com causa externa.

Se o corpo não repetir o espirro, confiamos que está tudo bem. Afinal a mente é assim: superada a consequência, tocamos a vida em frente sem muita preocupação se houve ou não alguma sequela ou se há algo mais grave se avolumando.

Mas se os espirros se intensificam ou surge uma coriza, então entendemos que é hora de tomarmos alguma providência, um antigripal e muitas vezes preferimos acreditar que está tudo bem, afinal confiamos na capacidade do sistema imunológico do nosso corpo.

E sim, realmente, muitas vezes o corpo se recupera superando aquele fato.

Mas, se não dermos importância e deixamos a doença progredir, se instalando de maneira sorrateira até minar nossa resistência? O resultado pode ser muito grave.

Às vezes, superar a inércia e o medo de que algo mais grave esteja acontecendo e perceber que os sintomas são sinais importantes de adoecimento levam um tempo precioso que o corpo não dispõe.

Nessa situação de agravamento, é iminente ir ao médico e buscar ajuda externa e cuidados, sem o que os resultados possam significar a diferença entre a vida e a morte.

Nas empresas não é diferente, muitas vezes os sinais aparecem de maneira quase imperceptível. Pequenos desajustes, erros operacionais, reclamação de cliente, falta de caixa, atrasos nos recebimentos ou mesmo a queda nas vendas ou um pedido de demissão inesperado de algum profissional sem motivo aparente.

Se não damos atenção a esses fatos corriqueiros, podemos, sem perceber, deixar que a “doença” vá se instalando de maneira gradativa até um ponto em que já seja difícil o “corpo/empresa” se recuperar por sua própria biologia interna.

A situação pode se agravar se gestores e acionistas levarem muito tempo para começar a perceber esse estágio e iniciar ações de cuidado. Nesses casos, os cuidados internos, embora necessários, podem já não ser suficientes para estimular a recuperação da empresa / corpo adoecido.

Outro fator importantíssimo é a negação dos fatos. O exemplo do paciente, que imagina que o espirro é apenas um fator exógeno, muitas vezes, equivale ao de gestores que, mesmo com dados e sentindo os efeitos do adoecimento da sua empresa, entram num processo de negação da realidade e atribuem os reveses apenas a fatores externos, por exemplo , a crise, a situação econômica do país, a falta de incentivos ou mesmo o momento político atual.

A depender do tempo que se leva para entender e superar essa barreira psicológica de admitir sua própria responsabilidade,  perdem-se as oportunidades de uma ação efetiva que poderia salvar o negócio de um destino fatídico.

Mas sabemos que a natureza humana tem essas contradições, então o que pode ser feito quando o corpo/empresa já adoecido não encontra meios e alternativas próprias para se recuperar?

Ora, o mesmo que fazemos quando percebemos que é hora de ir ao médico.

Hoje já há no mercado brasileiro, empresas especializadas na gestão e recuperação de empresas adoecidas.

São capazes, através de um diagnóstico preciso e com instrumentos modernos, avaliar quais intervenções são fundamentais à sobrevivência da empresa.

Profissionais sérios serão capazes de pontuar medidas e intervenções cirurgicamente calculadas para recuperação da organização. Isso porque eles verão o negócio com um olhar externo, ético e isento e sem os envolvimentos emocionais que permeiam e dificultam a tomada decisões dos gestores e acionistas.

Mas há que se ter consciência, pois, assim como num paciente que já chega em estado de doença avançado, as intervenções poderão não gerar os  resultados desejados, mas ao avaliar os riscos e benefícios, mas há que se ter coragem e humildade  para pedir ajuda, pois essa pode ser uma alternativa para aumentar as chances de sobrevivência.

Mas há como prevenir a doença?

a)    Atualize-se, procure conhecer ferramentas e aprofundar conhecimentos em cursos de atualização e ou extensão.
b)    Periodicamente contrate auxílio externo, isso ajuda no aperfeiçoamento de processos e ajuda a você ter uma visão de fora da sua empresa;
c)    Tenha um olhar atento sobre fatos e exceções nos processos diários e avalie constantemente os riscos que essas anomalias podem causar;
d)    Ao perceber que essas disfunções podem ser sinais de que algum desajuste maior, reúna sua equipe e discuta alternativas e soluções;
e)    Redobre a atenção sobre o feedback dos seus clientes e funcionários;
f)    Aja rapidamente em caso de necessidade;
g)    Admita que sua competência possa não ser suficiente para consertar as coisas;
h)    Tenha coragem e humildade para pedir ajuda.





(contribuição de Evandro J.P.Varella)